Reconhecer e tratar das doenças das sebes
As doenças das sebes têm de ser tratadas de forma específica. Este guia prático mostra como cuidar das sebes doentes para que voltem a ser saudáveis.
20.12.2021
Diagnóstico correto de doenças das sebes
Sebes saudáveis e densas são o sonho de qualquer proprietário de espaço verde. Mas, tal como muitas outras plantas, também as sebes não estão a salvo de infestações fúngicas e pragas. Caso surjam descolorações, falhas ou buracos, a causa deve ser identificada, eliminada e os possíveis problemas tratados atempadamente. Nesta vista geral, falamos das doenças típicas das sebes e de como as combater.
Como prevenir as doenças das sebes?
Trabalhe apenas com máquinas de jardinagem limpas. Caso contrário, os esporos dos fungos e a sujidade podem chegar aos sensíveis rebentos recém-cortados das plantas. O nosso guia prático mostra-lhe a melhor forma de limpar o corta-sebes.
Não coloque as partes de vegetais infestadas no monte de composto. Isto irá ajudar a evitar a propagação de fungos e pragas no seu espaço verde. Dependendo do local, a eliminação das partes doentes das plantas pode ser feita no contentor do lixo do espaço verde ou misturando com o lixo indiferenciado. Informe-se junto do seu município.
Para manter as sebes sempre em forma e com vitalidade, plante apenas sebes adequadas ao local de plantação e contribua para um crescimento saudável com cortes e fertilização regulares.
A humidade favorece a propagação de fungos e pragas. Respeite as distâncias recomendadas ao plantar. Assim, as sebes continuarão a ser uma barreira contra olhares indiscretos e o arejamento é melhor. Se a plantação for mais densa, as plantas atrofiam-se reciprocamente. Regue sobretudo junto às raízes para manter os rebentos e as folhas secos.
Fertilize suficientemente as sebes, mas não exagere. Usar fertilizantes orgânicos na primavera e estrume verde de urtiga ou cavalinha rico em potássio no final do verão. Desta forma, fortalece os tecidos das plantas e disponibiliza-lhes potássio suficiente.
Pode prevenir as doenças das sebes logo no momento da compra ao optar por plantas de qualidade.
Causas das doenças e das pragas das sebes
Normalmente, as sebes podem ser infestadas por fungos e pragas, mas as plantas enfraquecidas são particularmente vulneráveis. Com os cuidados e as condições adequados, estará a contribuir para as defesas imunitárias das sebes e a protegê-las de doenças.
As doenças das sebes costumam ter as seguintes causas:
Má localização: sol a mais ou a menos; alagamento; secura; pH incorreto do solo
Cuidados e corte incorretos: fertilizante a mais ou a menos; corte à chapa do sol; corte excessivo no caso das coníferas
Se o problema não se dever a nenhuma destas causas, o mais provável é que se trate de uma infestação fúngica ou de uma praga.
Infestação fúngica nas sebes
Mesmo com os cuidados adequados, não é possível impedir completamente a infestação fúngica, que danifica até as sebes robustas. Os tipos de fungos a seguir são particularmente comuns e surgem em muitas plantas.
Oídio
| Sintomas | Camada branca de aspeto farinhento – que mais tarde fica acastanhada – na superfície da folha, e que pode ser facilmente removida. As folhas infestadas secam e toda a parte da planta pode morrer. Se a infestação for avançada, o fungo passa para os rebentos, para as flores e para os botões. |
| Origem | O oídio dissemina-se rapidamente com tempo seco e quente. |
| Medidas | Elimine as folhas e os galhos afetados. Para tratar das sebes e evitar mais contágios, elimine também as folhas caídas e mantenha sempre limpa a terra à volta das sebes. |
Necrose foliar
O nome é um termo genérico para uma série de doenças fúngicas, que só podem ser distinguidas ao microscópio. Felizmente, a luta contra a infestação fúngica também é possível sem uma análise detalhada.
| Sintomas | Manchas castanhas, pretas, vermelhas, cinzentas ou amarelas na parte superior da folha, que variam de acordo com o tipo de agente patogénico. As manchas são circulares, 3-6 milímetros de diâmetro e têm um ponto claro – o fungo propriamente dito – no meio. Se a infestação for intensa, as manchas espalham-se umas por cima das outras, a folha seca e morre. |
| Origem | Os fungos alternaria, ascochyta e septoria são maioritariamente responsáveis pela formação de manchas. Consoante o agente causador, a infestação fúngica pode ocorrer com tempo seco e quente (alternaria, septoria) ou com tempo fresco e húmido (ascochyta). Os esporos são resistentes ao frio e transferidos para as plantas-hospedeiras por sementes infetadas ou pelo vento e pela água. |
| Medidas | Em caso de infestação fúngica, corte as folhas e os galhos afetados. |
Manchas nas folhas causadas por animais
Além disso, manchas nas folhas da sebe podem ser sinais de pragas causadas por animais, como o aranhiço vermelho. Examine as plantas quanto à presença de substâncias pegajosas ou insetos na parte de baixo das folhas ou nos galhos.
Pragas das sebes
As alterações no aspeto e uma diminuição da vitalidade das suas sebes podem ser causadas por uma infestação por insetos. As pragas preferem plantas já enfraquecidas e sugam ou mordiscam folhas, caules ou raízes. Na maioria dos casos, os insetos são visíveis a olho nu: assentam em rebentos jovens e debaixo das folhas ou voam quando tocados. O efeito da infestação depende do tipo de inseto e do avanço da infestação.
Pulgões
| Sintomas | Animais verdes, pretos, acastanhados ou amarelos que sugam o suco de plantas contendo açúcar das folhas e dos ramos frescos. Em resultado disso, a planta apresenta folhas enroladas e dobradas. Outro sinal de infestação por pulgões nas sebes é a chamada melada: uma substância pegajosa excretada por insetos, muito apreciada como alimento por formigas e alguns tipos de fungos, como por exemplo os capnodiales. |
| Origem | Os pulgões atacam principalmente plantas enfraquecidas ou plantas sobrefertilizadas com azoto. Estão ativos da primavera ao outono. |
| Medidas | Muitas vezes, basta aplicar um jato de água forte sobre as sebes doentes e plantas infestadas. Insetos benéficos como joaninhas e vespas de Darwin, aves ou plantas com cheiros intensos, como a lavanda e o tomilho, também ajudam.
Uma infusão de urtigas é uma solução natural para combater os pragas: cubra 1 kg de urtigas frescas com 10 litros de água fria e deixe fermentar durante cerca de 24 horas. Pulverize as sebes com a solução não diluída. Os agentes químicos podem ajudar se a infestação for extrema. Em prol do ambiente e dos insetos benéficos no seu jardim, utilize apenas agentes suaves, como o óleo de neem ou de colza. |
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Cochonilhas-farinhentas e cigarras
Folhas enroladas e melada podem ser sinal de cochonilhas-farinhentas e cigarras. Estas pragas das sebes também podem ser facilmente eliminadas com jatos de água ou, em caso de grande infestação, combatidas com óleo de neem ou infusão de urtigas.
| Sintomas | Insetos minúsculos que não ultrapassam 0,8 mm. Dependendo da estação do ano, podem ser amarelos, vermelhos ou castanhos. Os aranhiços-vermelhos vivem na parte de baixo das folhas e alimentam-se do suco celular, formando manchas claras na parte de cima das folhas. Alguns tipos de aranhiços-vermelhos cobrem as folhas e os rebentos com uma fina teia branca. |
| Origem | Estas pragas estão ativas principalmente nos períodos de tempo seco e quente. |
| Medidas | As plantas regadas, arejadas e fertilizadas regularmente são menos vulneráveis aos aranhiços-vermelhos. Para combater as pragas e tratar das sebes, pulverize todos os lados das folhas e dos ramos com de óleo de colza ou de neem. Forma-se uma fina película de óleo sob a qual os aranhiços-vermelhos sufocam. Em alternativa, a seguinte mistura pode ajudar: misture 50 mililitros de óleo de colza ou azeite com 5 litros de água morna. Deite 200 g de tanaceto como chá e adicione-o à solução de água e óleo. Pulverize a planta com o produto. Em caso de pragas avançadas, elimine as partes afetadas da planta. |
Otiorhynchus
| Sintomas | Os escaravelhos deixam marcas em forma de enseada ao comerem, formando buracos em folhas, rebentos e botões. São notívagos e descansam durante o dia por baixo de pedras ou folhagem. Os otiorhynchus têm um comprimento de cerca de 10 a 12 milímetros e uma coloração castanha, preta e, por vezes, amarela. As suas larvas de tonalidade creme causam danos substanciais às plantas, podendo mesmo provocar a sua morte: vivem no subsolo e mordiscam as raízes da planta-hospedeira. Mordem principalmente as raízes finas e roem a casca das raízes principais até à madeira. A planta morre em resultado disso. |
| Origem | As larvas de escaravelho são muitas vezes trazidas para o espaço verde com as plantas novas. |
| Medidas | Para combater as larvas, coloque no solo nematódeos disponíveis no comércio especializado. Estas minúsculas lombrigas envenenam as larvas de otiorhynchus com uma bactéria especial, inofensiva para os humanos. Para combater os escaravelhos propriamente ditos, pulverize as sebes com óleo de neem. No entanto, não deverá utilizar os dois métodos ao mesmo tempo, uma vez que o óleo também é fatal para os nematódeos. Para prevenir infestações, ao comprar as novas plantas verifique se os torrões têm larvas. |
Doenças específicas das sebes
Algumas doenças das sebes só ocorrem em determinados tipos de plantas. Apresentamos a seguir uma compilação que fizemos para que consiga reconhecer e combater doenças, fungos e pragas em louro-cerejo, sebe de ciprestes ou coníferas.
Doenças das sebes de louro-cerejo
Crivado
| Sintomas | A partir de maio, surgem nas folhas manchas avermelhadas a castanhas. As áreas infestadas secam e caem, parecendo que as folhas foram alvejadas com chumbo. |
| Origem | A doença é causada pelo fungo stigmina carpophila, particularmente ativo em estações húmidas e em regiões com elevada precipitação. |
| Medidas | Corte as folhas e os rebentos contaminados com uma tesoura de poda limpa e desinfetada. |
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Doenças das sebes de cipreste
No inverno, os rebentos de muitas coníferas verdes e suculentas, como o cipreste, adquirem uma tonalidade bronzeada. Isto é normal e deverá voltar ao que era no verão. Se a sebe se mantiver acastanhada, é sinal de doença.
Manchas nas folhas e descolorações em sebes de ciprestes
Em caso de secura
| Sintomas | As agulhas ficam cada vez mais amarelas e castanhas. O crescimento da sebe é inibido. |
| Origem | Má localização ou secura |
| Medidas | Assim que detetar alterações, ajuste o abastecimento de água. |
Em caso de alagamento
| Sintomas | Rebentos verdes moles e muitas vezes bolorentos à volta da base do caule. Solo húmido à volta da planta. |
| Origem | Alagamento |
| Medidas | Corte as partes afetadas e refresque o solo com terra seca. |
No caso de causticação ou excesso de fertilizante
| Sintomas | Os rebentos junto ao solo ficam castanhos. |
| Origem | Causticação com sal de degelo ou excesso de fertilizante |
| Medidas | Se a sebe sensível ao sal tiver ficado danificada com sal de degelo ou devido a excesso de fertilizante, a única coisa que ajuda é um bom enxaguamento e regar bem a planta. |
Infestação fúngica em sebes de ciprestes
Didymascella thujina
| Sintomas | Na primavera, algumas escamas das folhas mais velhas ficam castanhas. Assim que os rebentos infestados morrem, tornam-se visíveis no seu lugar manchas castanhas redondas ou ovais. Estes voltam a infetar os rebentos mais jovens. |
| Origem | Isto é causado pelo fungo didymascella thujina. |
| Medidas | Corte imediatamente os ramos infestados sem danificar a madeira antiga. Se necessário, refresque o solo para ficar permeável e rico em nutrientes. |
Morte de galhos e rebentos
| Sintomas | Na primavera, as pontas isoladas dos rebentos e mesmo as escamas das folhas mais jovens ficam com uma tonalidade que vai do verde acinzentado ao castanho-claro. Nota-se bem o limite entre o tecido saudável e o doente. Na maior parte dos casos, a casca na base do rebento afetado está retraída. Os minúsculos esporocarpos pretos podem ser vistos à lupa. As escamas e as pontas morrem em resultado da infestação fúngica |
| Origem | Com a morte dos rebentos, a planta é infestada pelo fungo kabatina thujae. O solo ácido e a falta de cálcio e magnésio favorecem a doença. |
| Medidas | Remova cuidadosamente os rebentos infestados. Aumente o pH do solo com a aplicação de cal. |
Podridão das raízes
| Sintomas | Em pouco tempo, os rebentos e as folhas ficam com uma tonalidade de um amarelo-pálido, que depois se tornará uniformemente castanho. O tecido da casca, normalmente de cor creme no colo radicular passa a ter uma tonalidade acastanhada. A planta perde a estabilidade e pode ser facilmente puxada da terra. |
| Origem | O fungo nocivo phytophthora cinnamomi ataca as plantas a partir de baixo e destrói o tecido da casca das raízes. |
| Medidas | As plantas danificadas pela podridão das raízes já não podem ser salvas e devem ser removidas. Depois de uma substituição radical do solo, pode voltar a plantar sebes. |
Pragas em coníferas
Argyresthia thuiella
| Sintomas | Traças pequenas, de tonalidade cinzenta esbranquiçada com riscas castanhas ou pretas. Costumam ser visíveis a partir de junho. Os sintomas característicos são fáceis de identificar: as pontas dos ramos de escamas costumam ficar primeiro com um tom amarelo acinzentado, passando a castanho no inverno até à sua morte em maio. A traça alimenta-se nas escamas dos ciprestes, onde põe os ovos. Para distinguir entre doença e infestação fúngica, segure os rebentos danificados contra a luz. Se for uma praga, podem ver-se os túneis típicos. |
| Origem | As sebes raramente cortadas são especialmente afetadas. Também invernos suaves consecutivos favorecem a propagação de traças. |
| Medidas | Corte a sebe antes do início de junho antes que seja possível a eclosão de novas traças. |
Escolitídeo
| Sintomas | Os rebentos laterais individuais da planta secam e morrem, mas continuam pendurados. Nos ramos e tronco infestados encontrará pequenos orifícios através dos quais o escaravelho fura e constrói os túneis ao longo da planta. Deposita os ovos nestes túneis; as larvas que eclodem alimentam-se depois dos rebentos, enfraquecendo a planta. |
| Origem | Os escaravelhos não são frequentes, e procuram sobretudo ciprestes enfraquecidos pela secura. |
| Medidas | Para contrariar os escolitídeos, corte os ramos infestados quanto antes. |
Resumo: Doenças das sebes
As plantas enfraquecidas são particularmente vulneráveis às doenças das sebes.
Uma má localização e cuidados errados são as causas mais frequentes de doenças das sebes. Se não for esse o caso, tem a ver com uma infestação fúngica ou com uma praga.
Pode prevenir as doenças das sebes trabalhando com máquinas limpas e comprando plantas de qualidade.
Não coloque as partes de vegetais infestadas no monte de compostagem, elimine-as no contentor do lixo do espaço verde ou misture-as com o lixo. Os regulamentos a este respeito diferem de local para local, por isso, informe-se junto do seu município. Isto irá ajudar a evitar a propagação de fungos e pragas no seu espaço verde.
O oídio, as manchas nas folhas e a podridão das raízes ocorrem igualmente em muitas espécies de sebes. Também os pulgões, as cochonilhas-farinhentas, as cigarras, os ácaros e os otiorhynchus infestam várias plantas.
Existem também doenças específicas das sebes: o crivado é típico das sebes de louro-cerejo. O cipreste costuma ser afetado por didymascella thujina, morte de galhos e rebentos, argyresthia thuiella e raramente por escolitídeos.
